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Avanços científicos “Made In Portugal” sobre a percepção do tempo

por Dulce Mourato

Joe Paton, o investigador e neuro cientista do Centro Champalimaud, de Lisboa a trabalhar.

Já se perguntou por que a expetativa de um grande momento demora séculos e um momento relevante na sua vida pode apenas durar segundos? – Essa resposta que tem a ver com a percepção do tempo, foi agora identificada pelos neuro cientistas do Centro Champalimaud de Lisboa, em circuitos neuronais nos ratinhos estudados e cujas reações foram descritas, num artigo publicado na revista Science de dezembro de 2016.

Os cientistas envolvidos (Joe Paton e a sua equipa) acreditam que tais resultados podem conter algumas respostas, para conhecer melhor os neurónios responsáveis pela doença de Parkinson, em comportamentos de toxicodependência e no défice de atenção.

Joe Paton explica em comunicado, que há que “vigiar a actividade de um tipo de neurónios, que liberta dopamina e que faz parte de uma zona do cérebro, onde se situa a porção compacta da substância negra (em outros trabalhos anteriores já tinha sido ligada ao processamento temporal). Descobrimos então que quando estimulávamos os neurónios, os ratinhos tinham tendência a subestimar a duração – e quando os silenciávamos, tinham tendência a sobrestimá-la”, concretiza Paton. “Este resultado, em conjunto com os sinais que ocorrem naturalmente e que tínhamos observado nas experiências anteriores, mostram que a actividade destes neurónios foi suficiente para alterar a forma como os animais avaliavam a passagem do tempo. Este é o principal resultado do nosso estudo”, conclui.

Mas Joe Paton, não quis deixar nenhuma fase por equacionar e questionou: “Será o resultado extrapolável aos humanos? Será que possuímos o mesmo tipo de neurónios e que eles controlam a nossa percepção da duração? Será que a manipulação desses neurónios pode alterar a nossa experiência subjectiva do tempo que passa? E de que forma poderia este efeito contribuir para os sintomas de défice de atenção ou de toxicodependência, onde o sistema dopaminérgico parece estar envolvido?”

As respostas ainda não são totalmente confirmáveis, porque não é possível questionar os ratinhos sobre o que sentiram, mas de acordo com os autores, é muito provável que um circuito semelhante exista no cérebro humano.

“Basta submeter um rato a um estímulo assustador para os seus níveis de dopamina caírem em flecha”, refere Joe Paton, acrescentando que “nos seres humanos, a destruição da substância negra provoca a doença de Parkinson, que também é acompanhada de deficiências da percepção do tempo”.

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